Resultados do 2T22: análise geral e 12 destaques
Os resultados do 2T22 foram vistos como positivos pelo mercado, assim como aconteceu na temporada de balanços do 1T22. Isso porque, apesar da desaceleração esperada para o trimestre, efeito dos juros em alta no bolso das empresas, diversas apresentaram resultados acima das expectativas.
Agronegócio, Alimentos e Bebidas, Educação e Petróleo e Gás foram os setores mais destacados, já que, considerando as empresas do Ibovespa, 65% reportaram Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima do esperado, segundo a Bloomberg.
A seguir, confira uma análise geral da conjuntura econômica deste trimestre e veja 12 empresas que se destacaram nos resultados do 2T22, conforme os segmentos mencionados, além do setor financeiro.
O temor da inflação
A inflação é um fator de grande preocupação na maioria dos países. O cenário de alta nos Estados Unidos e nas principais economias europeias continua pressionando a economia global.
Além disso, a pandemia ainda gera incertezas e a guerra entre Rússia e Ucrânia segue longe de um desfecho, gerando impactos nos preços de grãos e do barril de petróleo e contribuindo para a pressão inflacionária.
Na Ásia, a desaceleração econômica da China – provocada principalmente pelos surtos de Covid-19 e pelos lockdowns adotados pelo governo para contê-los – também gera repercussões negativas.
Com a estagnação das três maiores economias do mundo (EUA, UE e China), o crescimento deve cair de 3,2% em 2022 para 2,9% em 2023, segundo projeção do FMI.
Apesar da queda da atividade econômica já sendo observada neste trimestre, a entidade ainda vê inflação persistente, chegando a 6,6% nas maiores economias e 9,5% nos mercados emergentes. A escassez de produtos desencadeada por rupturas nas cadeias de suprimentos, além da falta de mão-de-obra nos mercados de trabalho contribuem para esse cenário.
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O aperto monetário do Fed
Houve um aperto monetário simultâneo em vários países do mundo para equilibrar a economia e trazer de volta as metas estabelecidas por cada nação. Espera-se, como resultado, a desaceleração do crescimento em 2023 e um recuo da inflação.
Contudo, dados mais recentes já mostram em alguns países de economia avançada a redução ou intenção de reduzir juros. Nos Estados Unidos, por exemplo, o aperto da política monetária do Federal Reserve (Fed) deve desacelerar o crescimento. Mas não levar o país à recessão, segundo avaliação da Moody’s.
Desde que o Fed elevou os juros para 2,5% ao ano, em julho – aumento de 0,75 ponto percentual, as ações das empresas americanas subiram. Principalmente devido às expectativas de queda dos juros e da moderação da inflação. Esse movimento mostra otimismo dos investidores mesmo diante das projeções de que a inflação não deve recuar tão cedo.
Cenário doméstico
No cenário doméstico, após subir a Selic para 13,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou a possibilidade de dar fim ao ciclo de altas. A expectativa do mercado é de que os juros altos finalmente desacelerem o consumo no segundo semestre, contendo um pouco a inflação. De acordo com o Boletim Focus de 15/08, o país deve fechar com alta de 7,02% no IPCA em 2022.
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Com os últimos dados de atividade econômica, o Boletim Focus aponta que o mercado financeiro melhorou a previsão de crescimento do PIB de 2% para 2,02%, oitava alta seguida. Contudo, para 2023 a projeção de expansão é baixa – caiu de 0,49% para 0,39% no último mês.
Medianas das expectativas do mercado em 19/08/2022. Legenda: verde, aumento; vermelho, diminuição; azul, estabilidade em relação ao Focus anterior. Fonte: Banco Central
O reflexo nos resultados do 2T22 das empresas
Ainda em alta, inflação e juros refletiram nos resultados do 2T22 das empresas. Muitas aumentaram as receitas ao repassar a inflação de custos para o consumidor que, por sua vez, gerou atividade econômica que contribuiu para o crescimento de 1,1% do PIB no segundo trimestre, em meio aos estímulos econômicos lançados pelo governo.
Ainda que os resultados das empresas no segundo trimestre de 2022 tenham demonstrado receita líquida e lucro bruto maiores, as despesas operacionais (afetadas pela inflação) e as despesas financeiras (gastos com juros) trouxeram impactos negativos.
Diante da possibilidade de fim do ciclo de aperto monetário no Brasil, com estabilização da Selic e posterior redução, o ambiente de negócios volta, aos poucos, a ser mais positivo para as empresas.
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Resultados do 2T22
Na sequência, confira 12 companhias que se destacaram nos resultados do 2T22, considerando os segmentos que reportaram desempenho acima das expectativas neste trimestre, além do setor financeiro. Todos os gráficos de rentabilidade das empresas foram gerados no app do Gorila.
Agronegócio, Alimentos e Bebidas
AgroGalaxy (AGXY3)
A AgroGalaxy, grande distribuidora de insumos agrícolas, apresentou crescimento no Ebitda ajustado de R$ 2,5 milhões para R$ 56,3 milhões nos resultados do 2T22, além de 94,3% de aumento na receita líquida, que chegou a R$ 1,967 bilhão, puxada pelo maior volume e subida dos preços dos produtos comercializados. As incorporações dos resultados das redes Boa Vista, Ferrari Zagatto e Agrocat também refletiram positivamente no balanço.
Contudo, a empresa fechou o 2T22 com prejuízo de R$ 107,6 milhões. O segundo trimestre, por questões sazonais do segmento de insumos, costuma ser mais fraco para o setor. Além disso, a alta de juros também refletiu no endividamento da empresa, que chegou a R$ 158,3 milhões, contra R$ 44 milhões no 2T21.
Desde a divulgação do seu balanço corporativo, no dia 15/08, após o fechamento de mercado, as ações da AgroGalaxy entraram em trajetória de queda, acumulando perda de 14,4%, chegando a valer R$ 7,3.
Jalles Machado (JALL3)
Após um primeiro trimestre positivo, a empresa de açúcar e etanol Jalles Machado se beneficiou da alta nos preços desses produtos. A empresa registrou lucro líquido de R$ 120 milhões no primeiro trimestre da safra 2022/23 (iniciada em abril), aumento de 3,8% na comparação com o ciclo anterior. Além de alta de 18,6% no Ebitda ajustado no comparativo anual, para R$ 325,5 milhões.
A receita líquida de R$ 442,8 milhões representou aumento de 17%. Apesar da diminuição de 7,6% na produção de cana-de-açúcar, a companhia informou que a queda de produtividade tem sido parcialmente compensada pelo ATR (Açúcar Total Recuperável) mais alto, que representa a capacidade de converter a cana em açúcar ou álcool.
Antes da divulgação dos resultados, a empresa anunciou o pagamento de R$ 52,4 milhões de dividendos. R$ 0,17 por ação, fazendo com que os seus papéis disparassem 6,67% no pregão seguinte (27/07).
Posterior à publicação de seu balanço, no fechamento de mercado do dia 11/08, os ativos da Jalles Machado ensaiaram leve melhora na bolsa brasileira, mas não o suficiente para animar os investidores. Houve preocupação com a competitividade do etanol passada a PEC dos Combustíveis. Desde então, a JALL3 recuou próximo a 1%.
Marfrig (MRFG3)
O lucro líquido da empresa foi de R$ 4,255 bilhões, crescimento de 144,9% na base anual. A Marfrig atribui o resultado do 2T22 ao impacto da consolidação do balanço da BRF (R$ 3,8 bi) e ao desempenho operacional no período. A receita líquida foi de R$ 34,486 bilhões, crescimento de 67,6% em comparação com o mesmo período de 2021. A empresa anunciou ainda o pagamento de R$ 500 milhões de dividendos aos acionistas.
No dia 11/08 a Marfrig reportou resultados bastante positivos para o mercado. Somados ao anúncio da distribuição de dividendos, levaram as ações da companhia a se valorizarem mais de 10% no período.
Com o encerramento do prazo no qual os acionistas poderiam se posicionar para receberem os proventos (19/08), os papéis da empresa têm registrado leves baixas.
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Educação
Anima (ANIM3)
A Anima reportou prejuízo líquido de R$ 24 milhões. A receita líquida do grupo educacional foi de R$ 910,5 milhões, crescimento de 57,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o Ebitda ajustado da empresa alcançou R$ 272,6 milhões, uma alta de 70,3% em relação ao segundo trimestre de 2021.
Segundo o Itaú BBA, a empresa entregou boa dinâmica do ticket médio, mostrando um reposicionamento dos preços nas unidades que estão ainda em integração vindas da aquisição dos ativos da Laureate Brasil.
Apesar do balanço divulgado na manhã do dia 15/08 ter animado o mercado, os pregões seguintes não foram positivos para as ações da empresa, que despencaram quase 10% desde o comunicado.
Na sessão do dia 24/08, no entanto, os papéis da Anima saltaram 7,69%, frente ao anúncio da transição da diretora de RI, Marina Oehling, para a direção de novos negócios.
Cogna (COGN3)
Outra empresa do setor que reportou prejuízo líquido nos resultados do 2T22:R$ 101 milhões, 149% maior do que no segundo trimestre do ano passado. Contudo, o Ebitda recorrente foi de R$ 355 milhões, um avanço de 11,4% em relação ao mesmo período de 2021. O resultado positivo do Ebitda se repetiu pelo quinto mês consecutivo e foi destacado pela empresa como fruto de sua reestruturação, feita entre 2020 e 2021.
Diante do prejuízo registrado no segundo trimestre, os bons pregões seguintes à divulgação do resultado, no dia 11/08, não foram satisfatórios para impedir a derrocada das ações da gigante de educação brasileira na última semana.
Enquanto o balanço veio acima das expectativas, a dependência das operações presenciais da Kroton e as margens pressionadas promoveram cortes no preço-alvo da ação, que acumula queda de 1,5%.
Cruzeiro do Sul (CSED3)
A Cruzeiro do Sul Educacional reportou lucro líquido ajustado de R$ 32,3 milhões, queda de 26,4% em relação ao segundo trimestre de 2021. Já o Ebitda foi de R$ 149,8 milhões, crescimento de 17% na comparação anual. O avanço da receita líquida consolidada foi de 12%, totalizando R$ 536,9 milhões, e reflete aumento da base de alunos, expansão de ticket e melhor rentabilidade, segundo a companhia.
Divulgado ao final do dia 15/08, o balanço da Cruzeiro do Sul Educacional deixou o mercado otimista com as perspectivas futuras da empresa. O resultado mais resiliente foi um dos destaques do setor, levando a uma variação positiva acumulada de 3,7% nos papéis da companhia.
No mesmo dia, a Cruzeiro do Sul anunciou a mudança de sua estrutura organizacional e o novo programa de recompra de ações. Os investidores reagiram bem, com seus papéis saltando 10,77% no fechamento.
Petróleo e Gás
Petrobras (PETR4)
A Petrobras registrou R$ 54,330 bilhões de lucro líquido como resultado no 2T22 – no semestre, a estatal acumula quase R$ 100 bilhões de lucro. O Ebitda ajustado subiu 26%, atingindo R$ 98,3 bilhões.
Apesar da baixa de 5% na produção de petróleo e gás (2,616 milhões de barris de óleo por dia) em relação ao período anterior, a Petrobras obteve receita líquida de R$ 170,9 bilhões, 20,7% a mais ante o primeiro trimestre.
A empresa anunciou o recorde de US$ 17 bilhões em dividendos (20,8% yield), proporcionando bom retorno para os investidores mesmo com os preços das ações reduzidos devido aos ruídos políticos.
Desde a publicação dos resultados corporativos do segundo trimestre, ao final de julho, os papéis da estatal já acumulam ganhos de quase 30%. Apenas no pregão seguinte à divulgação, as ações avançaram mais de 5%.
A alta do lucro, puxada pelo aumento do preço do barril de petróleo, e os dividendos exorbitantes ajudam a explicar o movimento do mercado. Segundo relatório recente, a Petrobras foi a maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre.
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3R Petroleum (RRRP3)
A empresa registrou lucro líquido de R$ 32,1 milhões nos resultados do 2T22, 40,9% menor em relação ao 2T21. Já o Ebitda ajustado foi de R$ 205,8 milhões no período, valor que representa um crescimento de 130,6% na comparação ano a ano. E a receita líquida somou R$ 400 milhões neste segundo trimestre, 90,1% maior na comparação com o segundo trimestre de 2021.
Em razão do encolhimento do lucro no resultado trimestral, o mercado passou a observar as ações da 3R Petroleum como descontadas. Isso, somado à sustentação do preço do petróleo em patamares mais elevados, à diversificação das operações da companhia e os novos negócios da petroleira, levaram a uma alta de 7% na RRRP3 ao longo das últimas semanas.
CBA (CBAV3)
A CBA registrou lucro atribuído aos controladores de R$ 489,5 milhões, alta de 27,4% em comparação com o segundo trimestre de 2021. A receita líquida da companhia cresceu 21,8% no comparativo com o primeiro trimestre deste ano, indo para R$ 2,33 bilhões. Já o Ebitda ajustado foi de R$ 641 milhões, e a margem Ebitda ajustada foi de 27% no 2T22, contra 19% no mesmo período do ano anterior.
A empresa destacou que, apesar do volume de vendas de alumínio ter recuado 6%, para 112 mil toneladas, o preço médio mais alto da commodity na bolsa de metais de Londres (US$ 2.875 a tonelada) representou uma valorização de 20% na comparação com o segundo trimestre de 2021.
As ações da CBA seguiram a trajetória recente de valorização e avançaram quase 19% desde a publicação do balanço da empresa, no dia 09/08. Os motores da disparada foram os crescentes retornos sobre o capital da empresa, que registrou resultados acima das expectativas, e a alta dos preços do alumínio.
Setor financeiro
Banco do Brasil (BBAS3)
O Banco do Brasil apresentou em seus resultados do 2T22 lucro líquido ajustado de R$ 7,8 bilhões, 18% maior do que no primeiro trimestre deste ano e 54,8% acima do segundo trimestre de 2021. Neste primeiro semestre de 2022, o banco atingiu um recorde de R$ 14,4 bilhões de lucro líquido ajustado.
A estatal informou que os resultados foram influenciados pelo aumento da margem financeira bruta, pela diversificação das receitas com serviços e pela disciplina na gestão de despesas. A elevação sustentável do crédito também foi destacada como um dos pilares dos números reportados.
O BB comunicou, ainda, a distribuição de R$ 571,25 milhões em dividendos aos acionistas e R$ 1,63 bilhões em juros sobre capital próprio, no dia 31/08, com base na posição acionária do dia 22/08.
Após crescerem 11,3% nos dois pregões seguintes à comunicação do lucro do segundo trimestre (10/08), os ativos do BB não adentraram uma maré boa. Acumularam ganhos de 3,9% no final do período.
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Bradesco (BBDC4)
O Bradesco fechou o segundo trimestre de 2022 com lucro líquido recorrente de R$ 7,041 bilhões, alta de 11,4% em relação a igual período de 2021. As receitas oriundas da prestação de serviços renderam R$ 9 bilhões no trimestre, alta de 6,7% no ano e de 4,2% na comparação com o trimestre anterior.
Segundo o banco, o resultado reflete o desempenho da margem financeira na carteira de crédito, que atingiu R$ 855 bilhões (18% maior do que no segundo trimestre do ano anterior). Além das receitas de prestação de serviços e operações de seguros e do controle das despesas operacionais.
Os papéis do Bradesco mantiveram constante crescimento desde a publicação do balanço corporativo do banco (04/08), saltando 6% no acumulado do período. Os resultados motivaram a recomendação de compra das ações da instituição e o crescimento do preço-alvo.
Itaú Unibanco (ITUB4)
O Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 7,436 bilhões em seus resultados no 2T22, que representa recuo de 1,6% em relação aos R$ 7,56 bilhões apurados no mesmo período do ano passado. O lucro do banco no primeiro semestre foi de R$ 14,179 bilhões, alta de 9,2% na comparação com o primeiro semestre de 2021.
O Itaú informou que o avanço da carteira de crédito – subiu 5,5% no Brasil e 5% no consolidado dos países onde o banco atua – trouxe impacto positivo e foi a principal fonte de crescimento da margem com clientes, de 9,7%, um total de R$ 22 bilhões no trimestre.
O mercado enxergou com bons olhos o balanço do Itaú, cuja ação observou alta de 6% nas sessões da bolsa desde então.
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