O que é estagflação e por que todo mundo está falando disso?
O termo estagflação se tornou popular e vem sendo usado em diversas manchetes dos cadernos de economia. Basicamente, ele define um processo inflacionário junto a uma estagnação econômica.
Diante do cenário de crise econômica, especialistas no assunto dividem opiniões sobre a possibilidade do Brasil enfrentar esse fenômeno em breve. Outros já afirmam que ele já está ocorrendo.
Quer entender melhor o que é estagflação, acompanhar a discussão e aprender o que fazer caso ela aconteça? Continue lendo!
Estagnação + inflação? Quê?!
Para entender melhor o que é estagflação, vamos explicar o que significa cada um dos termos que, juntos, formam essa palavra.
O que é inflação?
A inflação é a alta contínua e generalizada dos preços. Num processo inflacionário, tudo fica mais caro.
Ela faz parte do ciclo natural da economia. Uma “inflação saudável” acontece quando uma economia está forte. Quando há crescimento acima do potencial, o desemprego é muito baixo e o poder de compra é alto. Logo, a demanda por produtos aumenta e a oferta fica pressionada. Com pouca mercadoria para muita gente querendo comprar, os preços sobem.
Quando a inflação sobe, o Banco Central aumenta a taxa básica de juros, a Selic. Com isso, o consumo cai e a economia desaquece.
Uma economia saudável alterna esses ciclos de alta e baixa em equilíbrio e gera aumento de preços por estar crescendo muito.
Contudo, essa não é a realidade brasileira. O aumento de preços vivenciado aqui está ocorrendo sem haver recuperação ou crescimento econômico proporcional.
Para saber mais:
Inflação 2021: entenda por que está tão alta e os setores mais afetados
Selic e inflação: entenda de uma vez por todas a relação entre elas!
O que é estagnação econômica?
A estagnação econômica acontece quando uma economia atravessa um longo período com crescimento muito baixo ou inexistente.
Por que se fala em estagflação no Brasil?
Com a pandemia, tivemos choque no preço dos alimentos, de itens ligados ao câmbio e da energia. Por outro lado, a perspectiva do mercado a respeito do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é baixa, e vem caindo temporalmente.
No 3° trimestre de 2021, por exemplo, o PIB caiu 0,1%, segunda queda consecutiva, o que caracteriza uma recessão econômica. Soma-se a isso, os quase 15 milhões de desempregados e a inflação de dois dígitos.
Esse combo faz com especialistas definam o momento atual como o de estagflação.
Entretanto, há quem discorde dessa classificação devido às perspectivas de crescimento de 2022 em diante.
O economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, por exemplo, acredita que um cenário de estagflação se desenharia mais claramente caso a inflação continuasse com 2 dígitos em 2022. Sobre este ano, Mesquita acredita que a política monetária está atuando como precisa atuar.
O cenário Brasil
Com PIB crescendo ou não, a palavra “estagnação” é familiar ao nosso país há tempos. O Brasil vive o cenário de estagnação relativa há cerca de 40 anos.
A estagnação relativa é o termo usado para definir o menor crescimento do Brasil em relação ao crescimento do resto do mundo. Quer dizer, o nosso país vem crescendo abaixo da média do planeta — com ou sem pandemia.
O que há de novo é que nos últimos meses temos uma inflação que passa dos 10%. Fernando de Holanda Barbosa, professor FGV, aponta uma série de problemas que armaram esse cenário:
- Erro de política monetária: o Banco Central calibrou errado a taxa de juros, deixando-a em 2% durante muito tempo.
- Crise fiscal: iniciada em 2011 e intensificada com a pandemia, esse agravante aumenta o chamado Risco Brasil (índice que mede a confiança na economia brasileira) e faz com que a taxa de câmbio suba também. Assim, os investidores estrangeiros retiram os dólares daqui. Sem dólares na economia interna, os preços comercializados internacionalmente (como o petróleo) começam a aumentar.
- Crise hídrica: o Brasil depende majoritariamente de hidrelétricas e há escassez de chuvas. Com os reservatórios secando, o preço da energia está subindo. Se a energia fica mais cara, tudo fica mais caro também.
- Baixa perspectiva de crescimento: o Banco Central está correndo atrás do prejuízo e subindo a taxa básica de juros na tentativa de conter a inflação. Isso significa que o crescimento de 2022 será baixo, pois, como dissemos, a alta dos juros desacelera a economia.
O fator pandemia
A pandemia da Covid-19 pegou o mundo de surpresa e o Brasil fez o que os outros países fizeram. O governo socorreu os trabalhadores com recursos do auxílio emergencial. Contudo, os custos dessa medida indispensável agravaram a crise fiscal.
Ante a clara impossibilidade de não realizar as políticas de auxílio, a aceleração do programa de vacinação seria uma saída para fazer com que a atividade econômica voltasse rapidamente. Porém, isso não ocorreu, o que prolongou o cenário negativo.
Diante disso, os setores econômicos estão se recuperando lentamente. O setor de serviços, que emprega milhões de pessoas, é um dos principais afetados pela crise e produz uma taxa de desemprego elevada.
O que fazer em caso de estagflação?
Você deve estar se perguntando o que o investidor pode fazer em caso de estagflação.
Bom, duas medidas podem ser tomadas:
1. Aumente a reserva de emergência: num cenário com tantas incertezas é melhor se preparar para imprevistos. Economistas aconselham que em tempos de crise a recomendação de ter guardado de três a seis meses de gastos fixos seja ampliada. O melhor é pensar em ter de 6 meses a 1 ano.
Vai te ajudar:
Reserva de emergência: onde investir? Conheça as 5 melhores opções!
5 Dicas para criar sua reserva de emergência
2. Proteja sua carteira: a inflação diminui o poder de compra e para evitar isso você deve buscar uma rentabilidade real positiva. Isso é, uma rentabilidade que dê lucros que superem a inflação. Uma boa pedida pode ser os títulos públicos e privados atrelados à inflação, pois eles fazem com que seu dinheiro não perca valor.
Se liga nisso:
Confira 6 investimentos atrelados à inflação para se proteger da alta do IPCA
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*Texto escrito sob supervisão de Álvara Bianca.
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