Conheça os Fundos ESG: alternativa de investimento sustentável
Já imaginou ter retornos financeiros e ao mesmo tempo contribuir com projetos sustentáveis? Prepare-se para conhecer os fundos ESG, uma nova tendência que pode ser interessante para diversificar seu portfólio.
Os fundos ESG cada vez estão conquistando mais adeptos que investem de acordo com seus valores. Só nos Estados Unidos, atualmente, 25% dos investimentos seguem para esse mercado, representando um total de US$ 12 trilhões.
Em termos globais, esse segmento já chega a US$ 31 trilhões, o que representa 36% dos ativos financeiros totais sob gestão no mundo, segundo o Global Sustainable Investment Alliance.
Aqui no Brasil, o tema ganhou ainda mais espaço após a XP Investimentos lançar em 2020 três fundos sustentáveis, sendo dois com aplicação mínima de R$ 100. Já em março, lançou mais duas opções: o Fundo XPA ESG e o XP Investor ESG.
Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em 2020 o patrimônio líquido dos fundos de ações de Sustentabilidade/Governança cresceu 45,9%, somando R$ 817,9 milhões em dezembro. Já em janeiro, esse número chegou a R$ 1,1 bilhão — valor ainda pequeno em uma indústria que acumula R$ 6 trilhões de patrimônio líquido.
“Cada vez mais o investimento responsável não tem a ver com sacrificar seu desempenho de investimento: é um fato que vem se tornando cada vez mais reconhecido e aceito no meio financeiro. Então para mim o investimento responsável não é mais uma coisa que é legal ter, mas se tornou algo que é necessário”, comentou Fiona Reynolds, CEO do Principles for Responsible Investment – PRI, durante evento realizado em março pela XP (Talk “ESG: do que estamos falando?”).
Origem do termo ESG
Pouca gente sabe, mas um ponto curioso é que o termo ESG – do inglês ambiental, social e governança – surgiu de uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, aos 50 CEOs das maiores instituições do mundo sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais. O termo foi cunhado numa publicação, de 2004, do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins.
O que são fundos ESG
Os fundos ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês) têm por finalidade investir em empresas que apresentam padrões de atuação de destaque em seus setores com base em 3 pilares:
E: Meio ambiente (environment, em inglês);
S: Sociedade;
G: Governança.
Vamos entender cada um desses critérios: Os indicadores ambientais estão relacionados ao comportamento da empresa em relação a problemas como mudança climática e emissão de carbono; uso de recursos naturais, poluição e resíduos.
Já os indicadores sociais estão ligados ao tratamento que a empresa oferece às pessoas, aos trabalhadores e às comunidades locais, incluindo aí questões de saúde e segurança.
Por fim, o G de governança refere-se às políticas empresariais, incluindo estratégia tributária, direito dos acionistas, remuneração da diretoria e corrupção.
Para preservar as condições de vida no planeta e tomar consciência sobre os impactos produzidos pelas empresas, surgem os fundos ESG. Esse sistema funciona como mecanismo de proteção das empresas, além de ajudar a reduzir o risco financeiro.
“ESG significa um filtro enorme de qualidade e representa empresas que serão dominantes, vão gerar mais resultados e correr menos riscos”, afirmou Fabio Alperowitch, Co-Fundador e Gestor de Portfólio da FAMA Investimento, durante evento realizado pela XP. (Talk “ESG na prática II: ações”)
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ESG no Brasil
“O Brasil ainda está num estágio incipiente das práticas de incorporação de ESG, mas está claro que há um apetite por isso e as coisas vão continuar acontecendo e crescendo no país”, disse Fiona Reynolds, CEO do Principles for Responsible Investment – PRI, durante evento promovido pela XP (Talk “ESG: do que estamos falando?”).
Conforme mencionamos, não há um dado tão preciso sobre o quanto a indústria ESG movimenta no Brasil. Os primeiros fundos foram o Santander FIC FI Ethical Ações, o Fama Ações FIC FIA e o Constellation Compounders ESG FIA.
Como adiantamos no início do artigo, em 2020 a XP Investimentos lançou três opções de investimentos: o Trend ESG Global, o Selection ESG, com aplicação mínima de R$ 100, e um de Previdência Privada, o JGP ESG Ações 100 Prev XP Seg FIC FIA, com aplicação mínima de R$ 5.000.
Já em março, mais duas opções: XP Investor ESG, um fundo de ações ativos (primeiro do tipo da casa), e o XPA ESG, que é oferecido apenas para investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão).
Nos últimos meses também surgiram mais opções de ativos ESG: um da gestora digital Warren (Warren Green FIA – BDR Nível I) e um fundo da SulAmérica (Total Impacto FIA), ambos com aplicação mínima inicial de R$ 100. Em maio, a gestora JGP lançou o JPG ESG FIC FIA, onde os investidores podem investir a partir de R$ 100 mil.
Outra forma de investir no conceito de ESG é através de ETFs, que replicam os índices ligados a sustentabilidade e governança corporativa. Atualmente, existem sete índices ligados a essa temática: Índice Carbono Eficiente (ICO2); Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC); Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT); Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM); Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG); e Índice CDP Brasil – Resiliência Climática (ICDPR-70).
Lembrando apenas que esta não é uma recomendação do Gorila. Há diversos outras opções de investimento que adotam práticas ESG.
Desmatamento no Brasil e investidores estrangeiros
No início de julho de 2020, um grupo de investidores internacionais que administram cerca de US$ 3,7 trilhões em ativos manifestou preocupação com o avanço do desmatamento no Brasil. Eles ameaçaram até deixar o país caso o governo brasileiro não mostre comprometimento com a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Esse boicote poderia agravar ainda mais a fuga de capitais que já vem sendo percebida devido à pandemia do coronavírus, além das incertezas políticas que rondam o governo de Jair Bolsonaro.
Por conta disso, o vice-presidente Hamilton Mourão, que é o presidente do Conselho da Amazônia, tem tentado contornar esse problema com os investidores.
Em 2019, a polêmica em torno das queimadas na Amazônia levou o presidente Jair Bolsonaro a decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), em que as Forças Armadas atuariam diretamente na fiscalização da floresta.
Plano Amazônia para 2021-2022
Os militares da então Operação Verde Brasil 2 deixarão a Amazônia até final de abril e a atuação ficará sob responsabilidade dos agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) e das polícias Federal e Rodoviária.
Além disso, no lugar da Verde Brasil 2, o Conselho Nacional da Amazônia Legal passará a trabalhar sobre o Plano Amazônia 2021-2022, que consiste em ações de fiscalização e combate ao desmatamento na região que inclui nove estados: Amazonas, Amapá, Acre, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Tocantins, Roraima e Rondônia.
Outro ponto de atenção é que, em março, o vice-presidente Hamilton Mourão se reuniu com o embaixador da União Europeia, Ignacio Ybanez, e demais representantes das embaixadas de países-membros do bloco europeu, com a intenção de intensificar o diálogo e parceria sobre políticas sustentáveis.
Na reunião, foram expostos projetos de cooperação, que incluem iniciativas de colaboração com instituições brasileiras na área da tecnologia e inovação, além de projetos para “fortalecer sistemas de produção agrícola e pecuária”. Além disso, as autoridades “concordaram em dar continuidade e aprofundar o diálogo” sobre questões como o combate ao desmatamento ilegal e a proteção da biodiversidade e dos direitos dos indígenas.
Resta acompanhar como serão os projetos de cooperação e se de fato a imagem do país no exterior melhora em relação aos desmatamentos.
Fundos ESG e performance
Cada vez mais as empresas estão preocupadas em aprimorar suas práticas ESG visando, aumentar tanto seu valor de longo prazo para os acionistas como ampliar seu impacto positivo para a sociedade como um todo.
Há quem pense que a preocupação com fatores ESG pode resultar em performance relativamente pior, porém, estudos mostram que isso não é verdade. Segundo estudo do Morgan Stanley, em 2019, foi constatado que os retornos dos fundos sustentáveis foi em linha com os dos fundos tradicionais, oferecendo menor volatilidade.
E de acordo com Maria Eugênia Buosi, presidente da consultoria de sustentabilidade Resultante, em 2020, 95% dos índices de sustentabilidade performaram melhor que os índices de bolsas que não adotam esses critérios.
Índice S&P/B3 Brasil ESG
Além do ISE e do ICO2, que já são referenciais da temática para os investidores, a B3 e a S&P Dow Jones, maior provedor de índices do mundo, lançaram em setembro o índice S&P/B3 Brasil ESG.
O indexador utiliza critérios baseados em práticas ambientais, sociais e de governança para selecionar empresas brasileiras para sua carteira.
O objetivo do S&P/B3 Brazil ESG é dar aos investidores exposição central ao mercado de ações brasileiro, ao mesmo tempo em que promove as empresas com as melhores avaliações ESG. O índice utiliza o universo das empresas listadas na B3 e que compõem o S&P Brazil BMI (Broad Market Index), com exceção daquelas que não estão aderentes aos princípios do Pacto Global ou que fazem parte de setores específicos (tais como, armas, tabaco e carvão térmico).
Conheça algumas opções de fundo ESG no Brasil
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Fonte: Valor Investe
Para quem curte ETF, confira essas opções
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Fonte: Valor Investe
Outras formas de investimentos sustentáveis
Para aumentar o impacto positivo para a sociedade, as empresas encontram novas práticas de investimentos sustentáveis:
Green bonds
Os green bonds, ou títulos verdes, são títulos de dívida emitidos para a captação de recursos para investimentos em projetos de sustentabilidade que visam reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Eles ainda não estão disponíveis para os pequenos investidores.
De acordo com monitoramento da Climate Bonds Initiative (CBI), o mercado brasileiro de títulos verdes movimentou US$ 1,2 bilhão em 2019, quase seis vezes mais que o registrado no ano anterior (US$ 209 milhões). A primeira empresa a emitir títulos verdes no Brasil foi a Suzano, que captou em 2016 R$ 1 bilhão em CRAs.
Crédito de carbono
Outra forma de as companhias contribuírem para o desenvolvimento sustentável é através do crédito de carbono. Algumas empresas que possuem um nível de emissão muito alto e com poucas opções para a redução podem comprar créditos de carbono para compensar suas emissões. Assim, elas indiretamente ajudam a manutenção do projeto de redução, além de equilibrar o nível de emissões de gases do efeito estufa na atmosfera.
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