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Melhores ações de janeiro de 2023: altas e baixas

O mês foi marcado por pós-eleições, escândalo das Americanas e altos patamares de inflação global. Veja as piores e melhores ações de janeiro de 2023.
9 min de leitura

O primeiro mês de 2023 foi agitado na bolsa. Pós-eleições, escândalo das Americanas e altos patamares de inflação global marcaram o período. Mesmo com as turbulências, o índice Ibovespa encerrou janeiro com alta de 3,37%.

Quer entender o resultado das piores e melhores ações de janeiro de 2023? Continue lendo o artigo!

Melhores ações janeiro de  2023: maiores altas do Ibovespa

1 – Magazine Luiza (MGLU3)

Após a crise da sua concorrente, as ações da MGLU3 lideraram as altas do mês de janeiro.

A Magazine Luiza (MGLU3) liderou o ranking de melhores ações de janeiro com alta de 61,68%. Diversos analistas afirmam que a valorização ocorreu devido à situação difícil em que a Americanas se encontra. 


Isso é, a Magazine Luiza seria a maior beneficiada com a queda do AMER3, pois incorporaria seu tráfego. Na avaliação do Citi, a Magalu “herdaria” cerca de 14% das vendas das Americanas e 25% do marketplace.

2 – CSN Mineração (CMIN3)

Aproveitando a alta das commodities com a reabertura chinesa, os papéis da CMIN3 conseguiram a medalha de prata entre as maiores altas.

Com alta de 30,88%, a CSN Mineração (CMIN3) foi beneficiada com a reabertura da economia chinesa em janeiro. O país é o maior produtor mundial de aço e viu o contrato do minério subir 11% no primeiro mês do ano.

Os papéis do setor de mineração já vinham se reerguendo, então o movimento dos investidores foi ir atrás de outras oportunidades além das líderes nacionais Vale e Gerdau.

3 – CSN (CSNA3)

Em linha com o desempenho da mineradora, as ações da siderúrgica do grupo CSN tiveram forte alta em janeiro.

Também surfando nas boas ondas da China, a CSN (CSNA3) subiu 27,15% em janeiro. O Itaú BB afirma que os resultados do 4T22 da companhia serão beneficiados pela alta do minério de ferro, estimando uma alta de 3% de Ebitda na comparação trimestral.

Além disso, no início do ano a companhia fechou um acordo para o fornecimento de minério de ferro para a trader suíça Glencore International AG. De acordo com a CSN, a transação envolve o pré-pagamento de até U$ 500 milhões.

4 – Pão de Açúcar (PCAR3)

A reestruturação do Pão de Açúcar gerou expectativas positivas nos investidores e conduziu as ações da empresa a 4ª maior alta do mês.

O Grupo Pão de Açúcar obteve alta de 25,4%, impulsionado principalmente pelos desdobramentos de sua reestruturação.

No início de janeiro o conselho de administração da companhia aprovou a proposta de venda de parte de sua participação na varejista colombiana Éxito devido ao baixo nível de preço.

5 – Natura &CO (NTCO3)

Expectativas de avanços na reestruturação da empresa, também levaram os papéis da Natura ao top 5 das maiores altas de janeiro.

A reestruturação da Natura (NTCO3) também gerou expectativas no mercado e fez o papel subir 25,32%, fazendo com que a companhia figurasse na quinta posição no ranking de melhores ações de janeiro de 2023.

A Natura &CO engloba a Natura, Avon, The Body Shop e a Aesop. Essa última é sua marca mais valiosa do grupo, correspondendo a 15% da receita do grupo e sendo equivalente a metade do valor da companhia. 

A empresa pretende se separar da Aesop para liberar o valor da “joia da coroa” da companhia. A venda de uma participação de 25% diminuiria a alavancagem da Natura &CO de 2,9 vezes a dívida sobre o Ebtida, ao fim do 3T23, para 2 vezes, conforme o Citi.

Piores ações de janeiro de 2023: maiores baixas do Ibovespa

1 – Americanas (AMER3)

Após a revelação do rombo de R$ 20 bilhões, a AMER3 perdeu só em um dia R$ 8,4 bilhões em valor de mercado.

Com a drástica queda de 81,87%, a Americanas (AMER3) foi a que mais caiu em janeiro devido ao escândalo contábil que chocou o mercado financeiro. A empresa saiu do Ibovespa, mas a sua baixa segue impactando as ações de bancos. A empresa deixou de fazer parte do índice ao entrar em recuperação judicial.

No dia 11/01, a empresa emitiu um fato relevante comunicando a identificação de “inconsistências contábeis” de valor próximo a R$ 20 bilhões relacionadas a dívidas com fornecedores. De lá para cá, a dívida chegou na casa dos R$ 40 bilhões

A empresa conseguiu uma Tutela de Urgência no dia 13/01, o que representa o congelamento de qualquer pagamento antecipado por 30 dias. Ao longo de todo o ano, os papéis devem ser alvos de especulações, subindo e descendo de acordo com as notícias de desdobramentos do caso.

2 – Raízen (RAIZ4)

Em um mês volátil, as ações da Raízen ficaram em segundo lugar nas maiores baixas.

Com baixa de 12,03%, a Raízen (RAIZ4) liderou as quedas do Ibovespa. Dentre os principais motivos para o desempenho estão a notícia da decisão do governo federal de estender a isenção do imposto sobre combustíveis e as possíveis mudanças no direcionamento da Petrobras.

O setor de açúcar e álcool é afetado por mudanças na estatal porque quando a gasolina fica com seu preço artificialmente baixo, os produtores de etanol sofrem. Isso porque para concorrer com combustíveis fósseis o etanol precisa ter o preço diminuído.

3 – Marfrig (MRFG3)

Apesar de pouca oscilações em boa parte do mês, os papéis da MRFG3 tiveram uma sequência de quedas na penúltima semana de janeiro.

A Marfrig (MRFG3) caiu 11,49% em janeiro, juntamente com outra gigante do setor, a JBS. O desempenho se dá pelos preços baixos da carne bovina dos EUA que seguem pressionando os ativos.

Mesmo com a perspectiva de melhora na disponibilidade de gado no Brasil em 2023 e 2024, analistas do JPMorgan afirmam que a ação não deve apresentar um desempenho acima da média sem um catalisador positivo na América do Norte.

4 – Alpargatas (ALPA4)

Marcadas por grande volatilidade, as ações da ALPA4 terminaram o mês no quarto lugar das maiores perdas.

A Alpargatas (ALPA4) esteve entre as maiores quedas de janeiro, com baixa de 9,75%. Os resultados do 3T22 fizeram com que os papéis caíssem mais de 15% em novembro.

Analistas do BBI indicam que, apesar da pressão inflacionária persistente sobre o balanço, é esperado que os custos das matérias-primas diminuam, mas que isso não será um divisor de águas para a Alpargatas.

5 – BTG Pactual (BPAC11)

Sentindo o “efeito Americanas” os papéis do BPAC11 lideraram as baixas do setor bancário.

O BTG (BPAC11) teve queda de 9,69% na sua unit, de modo similar à Maganize Luiza, o resultado foi influenciado pela queda das Americanas. Entretanto, o banco foi um dos prejudicados pela queda da varejista.

O banco é um dos maiores credores da Americanas e, dentre os credores da varejista, é o que sofrerá maior impacto em relação à carteira de crédito. O BTG deveria receber R$ 3,5 bilhões da Americanas, segundo a lista de credores divulgada pela empresa no dia 25/01.

Contexto de janeiro

Início do Governo Lula III

Ano novo, novo governo, mas com um velho conhecido à frente. Logo no primeiro dia de janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como presidente da República e iniciou o seu terceiro mandato. Para a sua gestão, Lula definiu 37 ministérios e priorizou nomes de políticos aliados para ocupar a chefia das pastas. 

Economia

Para comandar o ministério da Fazenda, o petista escolheu Fernando Haddad (PT-SP), ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, já para o Planejamento foi escolhido o nome da ex-senadora e ex-candidata à presidência, Simone Tebet (MDB-MS). Ambos foram empossados com discursos mais fiscalistas, reiterando o compromisso com a responsabilidade fiscal e redução do déficit público. 

No entanto, o início da gestão teve seus momentos de turbulência. Contrariando a orientação do ministro Haddad, o governo federal prorrogou a desoneração de combustíveis até o fim de fevereiro. Além disso, algumas falas de Lula em tom crítico ao teto de gastos, à redução de despesas públicas e até à política de metas de inflação do Banco Central trouxeram preocupações ao mercado de que as políticas econômicas do governo sigam uma linha de pensamento mais heterodoxa.

Petrobras e BNDES

Essas preocupações se estenderam aos papéis que as estatais e o BNDES podem exercer no mandato do petista. Para a presidência da Petrobras, Lula nomeou Jean Paul Prates, ex-senador filiado ao PT, que inicia sua gestão à frente da petroleira sob pressão para alterar a política de paridade internacional de preços. Para o BNDES, o nome escolhido foi de Aloizio Mercadante, nome da velha guarda do PT, que ocupou diversos cargos na Esplanada dos Ministérios durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. 

A escolha juntamente com as falas de Lula em visita a Argentina, na qual o presidente defendeu o uso do banco para financiar a construção de um gasoduto no país vizinho, trouxeram um desconforto ao mercado, rememorando o papel que o BNDES teve durante as primeiras gestões petistas, em que financiou diversas obras no exterior.

Atos antidemocráticos de 8 de janeiro

As turbulências e falta de alinhamento nas pastas econômicas não foram os únicos problemas que o governo teve de enfrentar nestes primeiros 30 dias de gestão. No dia 8 de janeiro, manifestantes golpistas invadiram os prédios do Congresso Nacional, Planalto e STF, provocando depredações e vandalismo. O movimento exigiu uma rápida resposta dos Três Poderes, e o governo federal teve que agir a fim de conter uma escalada da crise institucional e manter a ordem democrática.

Crise da Americanas (AMER3)

Como já descrito neste artigo, no dia 11 de janeiro, a Americanas comunicou a identificação de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços da empresa de 2022 e anos anteriores. Este era o começo de uma crise que ainda repercute no mercado financeiro.

No dia seguinte após a crise vir à tona, as ações da Americanas derreteram, com a empresa perdendo em um dia 80 bilhões do seu valor de mercado. Além disso, a CVM abriu uma série de processos investigativos e a B3 excluiu as ações da varejista de todos os índices da bolsa. 

As demais empresas do setor de varejo e os grandes bancos com quem a Americanas possui dívidas, também foram afetados pela crise, enfrentando fortes perdas nos seus ativos em primeiro momento. 
Em seguida, a Americanas enfrenta uma batalha na justiça com o BTG Pactual, que foi obrigado a devolver R$ 1,2 bilhão que havia resgatado, após a primeira decisão judicial que suspendia a execução de dívidas, publicada no dia 13. No dia 19, a varejista entrou com um pedido de recuperação judicial, aprovado posteriormente pelo TJ do Rio de Janeiro.

Estados Unidos

O mês de janeiro foi de muita cautela nos Estados Unidos, sob os temores de que o país pudesse entrar em uma recessão. O aperto monetário persistente do Federal Reserve e os sinais de que a atividade econômica parecia estar aquecida, intensificava o sentimento de aversão ao risco dos investidores.

Além disso, a temporada de balanços iniciou com números decepcionantes. Em paralelo, notícias de demissões em massa em grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, IBM, Alphabet, Meta e Twitter, intensificaram o temor do mercado.

O cenário foi mudando conforme as declarações de membros do Fed, e os dados de inflação mostraram que os efeitos da política restritiva já estavam sendo sentidos e que havia espaço para uma diminuição do ritmo de aperto monetário. O mercado manteve então, a expectativa de que na decisão de fevereiro, a autoridade monetária dos EUA fosse aumentar as taxas de juros em 25 bps, ao invés dos 50 bps das últimas decisões.

Em 1 de fevereiro, em linhas com as expectativas, o Banco Central americano anunciou o reajuste de 0,25% nos juros do país.

Ásia

Na Ásia, o começo do ano foi marcado pelas expectativas de reabertura da economia chinesa. Após longos meses adotando a política de covid-zero, o governo do gigante asiático decidiu afrouxar as medidas sanitárias e permitir aos poucos o retorno das atividades.

Apesar de não ter combatido de forma definitiva a doença, a previsão de dados fracos da economia do país podem ter pressionado o governo a relaxar as medidas a fim de evitar uma recessão.

Com a retomada das atividades da China, as ações de commodities tiveram fortes ganhos no mês, em especial as ligadas à produção e comercialização do minério de ferro.

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