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Melhores ações setembro 2022: altas e baixas

Período marcado pelo fim do aperto monetário e corrida eleitoral beneficiaram setores de construção e educação. Frigoríficos foram o grande destaque negativo.
Atualizado em 15/12/2022
8 min de leitura

O mês de setembro foi marcado pelo fim do aperto monetário no Brasil e corrida eleitoral. Nesse cenário, o Ibovespa fechou o período com a terceira alta mensal consecutiva, aos 0,47%.

As construtoras e empresas relacionadas à educação se destacaram. Na outra ponta, os frigoríficos levaram a pior. 

Quer entender o resultado das piores e melhores ações de setembro de 2022? Continue lendo o artigo!

Melhores ações setembro 2022: maiores altas do Ibovespa

AltasAtivoEmpresaVariação %
1CYRE3Cyrela30,08%
2MRVE3MRV22,85%
3COGN3Cogna Educação18,95%
4EZTC3Eztec17,11%
5YDUQ3YDUQ16,98%

Fonte: GorilaFLOW

1 – Cyrela (CYRE3) 

A construtora Cyrela (CYRE3) foi o principal destaque entre as melhores ações de setembro de 2022, com rentabilidade de 30,08%. 

O segmento de construção, no cenário de deflação, sofre menos pressão nas margens de lucratividade. O otimismo com a Cyrela foi maior devido às análises de instituições como Credit Suisse, que classificou o desempenho da companhia como acima do mercado. Já o Santander e Itaú e BBA indicaram a compra do papel.

Os papéis da Cyrela tiveram a maior valorização de setembro.

2 – MRV (MRVE3) 

A construtora MRV (MRVE3) obteve valorização de 22,83% em setembro e, assim como a Cyrela, atua no segmento de construção.

A empresa projeta um aumento de lançamentos no último semestre do ano e foi favorecida, também, pela extensão do programa de financiamento habitacional da Caixa Econômica, que passou de 30 para 35 anos.

Apesar de apresentar leve queda no final do mês, as ações da MRV cresceram 22,83% em setembro.

3 – Cogna Educação (COGN3)

Além das construtoras, o setor educacional também teve destaque em setembro. A Cogna (COGN3), por exemplo, subiu 18,54%.

Os papéis do segmento foram beneficiados após mudanças regulatórias em alguns cursos. Além disso, as declarações do ex-presidente Lula afirmando que, se eleito, fortaleceria o Prouni e o Fies serviram de catalisador para alta.

O setor de educação se destacou em setembro e, dentro dele, a Cogna levou a melhor, crescendo 18,54%.

4 – Eztec (EZTC3) 

A quarta posição do ranking de melhores ações de setembro de 2022 também é de uma construtora: a Eztec (EZTC3), que alçou voo de 17,11%. 

Assim como a MRV, devido ao contexto, a Eztec visa reforçar sua presença no segmento de baixa renda e tem como meta que entre 20% a 25% de seus projetos do ano que vem sejam direcionados a esse público. 

A quarta posição do ranking de melhores ações de setembro ficou por conta da Eztec.

5 – YDUQS (YDUQ3) 

A YDUQS (YDUQ3), holding de capital aberto com foco no ensino superior, figurou a quinta posição do ranking, com alta de 16,98%. Tal qual a Cogna, a companhia (após longa penalização durante a pandemia) surfou no alívio que o setor de educação experimentou com as melhoras nos indicadores econômicos.

Analistas esperam que as empresas de educação tenham resultados ainda melhores no segundo semestre de 2022. Porém, os especialistas alertam que o futuro desse segmento também depende do próximo governo e das políticas públicas que forem implementadas. 

Mais uma representante do setor educacional, a YDUQS cresceu 16,98% em setembro.

Piores ações setembro 2022: maiores baixas do Ibovespa

BaixasAtivoEmpresaVariação %
1IRBR3IRB-32,93%
2MRFG3Marfrig-24,49%
3BEEF3Minerva-19,35%
4BRFS3BRF-18,86%
5CVCB3CVC-16,78%

Fonte: GorilaFLOW

 1 – IRB (IRBR3)

Liderando as baixas de setembro e compondo as piores quedas pelo segundo mês consecutivo, estão os papéis da IRB – Brasil Resseguros (IRBR3). As ações da seguradora desabaram 32,93% no mês, puxadas por uma série de eventos corporativos que desestabilizaram a companhia.

A empresa, que vem buscando reestruturar suas operações desde o escândalo contábil de 2020 e que tentava realizar uma oferta pública de ações no último mês, diante da insuficiência de capital exigido para a cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatória, viu suas ações tombarem mais de 10% no começo de setembro, após a oferta subsequente de papéis, no valor de R$ 1 por ação, totalizando R$ 1,2 bilhão, não animar o mercado.

Ainda no final do mês, a empresa anunciou o prejuízo líquido de 58,9 milhões referentes às operações do mês de julho, enquanto, no ano, o rombo se estende a R$ 350 milhões.

Ainda no final do mês, a empresa anunciou o prejuízo líquido de 58,9 milhões referentes às operações do mês de julho, enquanto, no ano, o rombo se estende a R$ 350 milhões.

2 – Marfrig (MRFG3)

As ações dos frigoríficos não obtiveram bom desempenho no mês de setembro, com os papéis da Marfrig (MRFG3) ocupando a segunda colocação entre as maiores baixas do mês. A derrocada das ações do setor foi puxada, principalmente, pela perspectiva de desaceleração da atividade chinesa, derrubando a demanda por carne do país. No mês, as ações da companhia derreteram 24,49%.

Ocupando a 2ª, 3ª e 4ª posição, os frigoríficos não conseguiram se recuperar da queda observada no início do mês.

3 e 4 – Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3)

Em linha com os ativos da Marfrig, as ações dos frigoríficos Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) recuaram, respectivamente, 19,35% e 18,86% em setembro, também derrubadas pela expectativa de menor demanda por carne bovina e suína em 2023, diante do quadro de recessão global que vem sendo construído. 

O fraco desempenho das ações foi verificado ainda no começo do mês, após o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgar um relatório contendo as projeções de forte queda das importações do produto. A forte valorização do dólar contra as moedas globais também devem impor desafios às exportações brasileiras.

5 – CVC (CVCB3)

Em quinto lugar, as ações da CVC caíram 16,78% na bolsa brasileira, apesar da redução do custo dos combustíveis no Brasil favorecer a retomada das companhias de turismo. A elevação do dólar no mês e a redução da recomendação do BTG, de compra para neutro, também podem ter impactado os papéis da empresa no mês.

Em setembro, a CVC anunciou a aquisição das operações do grupo Oner Travel, tanto no Brasil quanto em Portugal, com a intenção de expandir sua atuação e promover o “empreendedorismo digital”.

As ações da CVC derreteram a partir da metade do mês.

Contexto de setembro

O mês de setembro foi de grande volatilidade para os mercados brasileiro e internacional. Segue para conferir os principais acontecimentos:

Atividade

Os dados mais recentes para a atividade brasileira têm animado o mercado, que continua a revisar as expectativas para o PIB de 2022 para cima. O PIB do segundo trimestre, divulgado mais cedo nesse mês pelo IBGE, avançou 1,2%, acumulando alta de 2,5% no ano. Da mesma forma, o IBR-Br, conhecido como prévia do PIB, superou as expectativas dos investidores, que esperavam alta de 0,3%, e disparou 1,17% em julho.

Índice Bovespa

Setembro também foi marcado pela atualização da composição do índice Bovespa, cujas principais alterações abrangeram a entrada dos papéis da Arezzo (ARZZ3), Raízen (RAIZ4) e São Martinho (SMTO3) e a saída da JHSF (JHSF3). Ainda, a BIDI11 e a LCAM3 já haviam deixado o índice ao longo do segundo quadrimestre de 2022, que agora conta com 92 ações de 89 empresas.

Política Monetária

As decisões de política monetária seguiram pautando o tom dos mercados, principalmente no cenário internacional, que contou com as decisões do Federal Reserve, Banco Central Europeu e Banco da Inglaterra.

Copom

No Brasil, uma semana após a fala dura de Campos Neto que derrubou as bolsas brasileiras, o Comitê de Política Monetária do Banco Central votou pela manutenção da taxa Selic em 13,75 ao ano, interrompendo o maior ciclo de aperto monetário das últimas duas décadas, iniciado em março do ano passado. O arrefecimento da inflação, conduzido principalmente pela redução dos preços dos combustíveis, possibilitou a decisão da autarquia, que se manterá vigilante para novas eventualidades.

FOMC

Enquanto grande parte dos investidores aguardavam uma suavização das altas de juros do Federal Reserve, as surpresas inflacionárias observadas no começo do mês levaram a uma reversão das expectativas do mercado, derrubando as bolsas internacionais que passaram a projetar uma contração monetária mais duradoura no país.

Em linha com as apostas e a fim de manter as expectativas ancoradas, o FOMC elevou os juros americanos em 75 bps, pela terceira vez consecutiva, e já prescreveu novas altas para as próximas reuniões. Além da decisão, a autarquia também divulgou o Sumário das Projeções Econômicas dos membros do Fed, onde esperam uma taxa terminal entre 4,25% e 4,50%, para 2022.

BoE e Política Fiscal

No Reino Unido, além da nova elevação da taxa de juros do país em 50 bps, em votação bastante dividida, a atuação da nova primeira-ministra já arregalou os olhos dos investidores, que não aprovaram o mais recente pacote fiscal anunciado com a finalidade de controlar a inflação e reduzir o elevado custo de vida do país. Após comunicar o plano de corte de impostos, a libra esterlina atingiu a mínima histórica contra a moeda americana, gerando reações do BoE e do FMI.

Ler mais em:
Para inglês ver: entenda a queda da libra esterlina

Banco Central Europeu

Na Europa, após a inflação seguir atingindo patamares historicamente elevados em razão da crise energética que assola o continente, o Banco Central Europeu, em movimento sem precedentes, elevou a taxa básica de juros do bloco em 75 bps, abandonando a postura dovish da autoridade.

A interrupção do fornecimento de gás natural à região segue alarmando os investidores, enquanto a guerra do leste europeu segue proporcionando novos desdobramentos, como a anexação de territórios ucranianos e a convocação de reservistas. 

Ásia

Na Ásia, o mês de setembro foi negativo para a maioria dos mercados da região, que observaram suas moedas atingirem mínimas contra o dólar, ao passo que a política monetária do continente se mantém em território ultra-acomodatício e o risco de recessão se difunde pelas principais economias globais.

Eleições

A aproximação do fim da corrida eleitoral também impôs um novo ritmo ao mercado brasileiro, que se atentava aos resultados das pesquisas eleitorais e aos novos pronunciamentos dos presidenciáveis e possíveis acenos ao mercado.

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