A rentabilidade real é o ganho de uma aplicação subtraindo a inflação e os impostos. Ela representa o lucro verdadeiro que o investidor terá sobre um valor aplicado.
Mas você sabe calcular a sua rentabilidade real? Geralmente, corretoras e instituições mostram somente a rentabilidade nominal dos ativos. Dessa forma, o investidor não visualiza com precisão os lucros obtidos com uma operação.
Quer aprender a fazer essa conta e entender a importância dela para sua vida financeira? Continue lendo!
Rentabilidade real e rentabilidade nominal: entenda a diferença
Para entender melhor a diferença entre rentabilidade real e rentabilidade nominal, é preciso conhecer os conceitos de rendimento bruto e rendimento líquido. Vejamos.
A rentabilidade nominal é o rendimento total de um investimento. Portanto, ela é o valor bruto obtido com uma aplicação. Por isso, ela também é conhecida como rentabilidade bruta nominal.
Por exemplo, se você tem um investimento que rendeu 15% ao ano ou um que rendeu 120% do CDI, essas porcentagens são rentabilidades brutas nominais.
Quando descontamos da rentabilidade bruta nominal o valor dos custos (administrativos e operacionais) e dos impostos, obtemos uma rentabilidade líquida. Essa rentabilidade também se chama rentabilidade líquida nominal.
Por fim, se subtraímos da rentabilidade líquida nominal o valor da inflação, chegaremos ao número que diz respeito à rentabilidade real.
Resumidamente:
Rentabilidade bruta nominal: diz respeito ao rendimento antes do desconto de impostos, custos e inflação.
Rentabilidade líquida nominal: diz respeito ao rendimento após o desconto de impostos e custos; mantendo o efeito da inflação.
Rentabilidade real: diz respeito ao rendimento após o desconto de impostos, custos e inflação.
Dessa forma, percebemos que existem perdas que não são consideradas na rentabilidade exibida mais comumente nos bancos e corretoras.
Quando olhamos para a rentabilidade real, conseguimos medir com exatidão o rendimento obtido. Isso é importante para planejar melhor a vida financeira e ver se os ativos realmente valem a aplicação.
Mas por que a inflação influencia a rentabilidade dos investimentos?
É importante considerar a inflação na hora de analisar os rendimentos porque ela interfere no poder de compra.
Quando a inflação aumenta, os preços dos produtos sobe também. Assim, você precisa de mais dinheiro para comprar a mesma quantidade por um preço menor.
Você já deve ter percebido que a quantidade de produtos que se compra hoje com R$ 100 é menor que a que era comprada há 5 anos. Isso acontece porque a inflação aumentou. Veja abaixo a tabela que mostra a inflação nos últimos anos:
Data
Variação acumulada no ano (%)
Dezembro de 2015
10,67
Dezembro de 2016
6,29
Dezembro de 2017
2,95
Dezembro de 2018
3,75
Dezembro de 2019
4,31
Dezembro de 2020
4,52
De 2015 a 2020, o acumulo da inflação foi de 36,98%.
Desse modo, é preciso descontar a inflação do cálculo de rentabilidade. Dessa forma é possível mensurar se o ganho real obtido é maior, menor ou igual à inflação.
Isso porque o que aumenta seu patrimônio é o ganho que supera a inflação. Assim sendo, deve-se ter em mente que quanto maior a inflação, menor tende a ser o retorno real.
IPCA: uma sigla importante
Existem vários índices que medem a inflação, o principal deles é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), pois foi adotado pelo Banco Central como medidor oficial. Assim, é necessário olhar para o IPCA para saber o nível da inflação.
Fora isso, para proteger seu poder de compra e garantir que haja ganho, você precisa que o resultado final da sua rentabilidade seja maior que o IPCA.
Uma das alternativas para manter os investimentos acima da inflação é investir em ativos indexados ao IPCA. Alguns CDBs, debêntures, LCIs, LCAs e títulos do Tesouro IPCA são papéis de renda fixa que seguem a lógica de acompanhar a inflação. Mas é importante lembrar que é essencial diversificar a carteira. Então é preciso aplicar também em outros tipos de produtos, buscando sempre uma rentabilidade acima da inflação.
Como calcular a rentabilidade real dos investimentos?
A fórmula usada no cálculo da rentabilidade real é a seguinte:
Rentabilidade Real = {[(1 + Rentabilidade Líquida/100) / (1 + Inflação/100)] -1} x 100
Vamos ver como isso funciona na prática através de um exemplo. Imaginemos que queremos calcular o ganho real de uma rentabilidade líquida de 10% no cenário atual onde a inflação está em 6,88%.
Os passos a serem seguidos são:
Transformar a rentabilidade líquida e a inflação em números decimais. Para isso, é necessário efetuar a divisão por 100. A nossa rentabilidade vira 0,1 (pois 10 / 100 = 0,1). E a inflação se transforma em 0,0688 (pois 6,8 / 100 = 0,0688). Depois, somamos 1 nesses resultados. Assim, temos 1,1 de rentabilidade e 1,0688 de inflação.
Realizar a divisão da rentabilidade líquida pela inflação. Temos 1,0291 como resultado (pois 1,1 / 1,0688 = 1,0291).
Subtrair 1 do resultado da divisão. Isso dá 0,0291 (pois 1,0291 – 1 = 0,0291).
Multiplicar o resultado da subtração por 100. Assim temos 2,91% (pois 0,0291 x 100 = 2,91). Esse é o resultado da rentabilidade real.
Como NÃO calcular a rentabilidade real
É comum ver cálculos equivocados da rentabilidade real. Muitas vezes o erro acontece porque é pensado que para chegar ao resultado basta subtrair o valor da inflação do rendimento líquido. Mas não é bem assim.
Voltemos ao nosso exemplo. Se seguíssemos essa lógica errônea, efetuaríamos essa operação: 10% – 6,88% = 3,12%.
Veja que o resultado obtido difere da operação que foi resolvida do jeito certo. De 2,91% para 3,12%, temos 0,21% de diferença. Então, para garantir a precisão é necessário seguir a fórmula, pois ela considera os valores nominais que fazem o cálculo ser assertivo.
Como calcular a rentabilidade real negativa
Não há nenhum segredo para calcular a rentabilidade real negativa. A fórmula usada é a mesma.
Por exemplo, se a rentabilidade líquida for de 10%, mas a inflação estiver em 15%, o cálculo será assim:
{[(1 + 10/100) / (1 + 15/100)] -1} x 100
{[1,1 / 1,15] -1} x 100
{0,956 – 1} x 100
– 0.0434 x 100
= – 4,34
Logo, houve uma rentabilidade negativa de -26,7%.
Desmascarando a poupança com o cálculo da rentabilidade real
A poupança ainda é utilizada por muitos brasileiros, porém o rendimento obtido nessa aplicação é muito baixo e faz com que haja perda de dinheiro.
No cenário atual (agosto de 2021), a Selic está em 5,25%. Portanto, a poupança está rendendo 70% da Selic. Logo, a poupança rende 3,67% (pois 70% de 5,25 = 3,67%).
A inflação está em 6,88%. Consequentemente, temos uma rentabilidade real negativa, pois a inflação está maior que o rendimento.
Vamos ilustrar:
Suponhamos que um investidor deixou R$ 1000 na poupança durante 2021. Com a rentabilidade anual de 3,67%, ao final do ano esse dinheiro se tornaria R$ 1036,70.
Contudo, a inflação de 6,88% exige que esses R$ 1000 se transformem em R$ 1068,80 para que o poder de compra seja mantido.
Como os R$ 1036,70 estão abaixo dos R$ 1068,80 necessários para ter o mesmo poder de compra da aplicação inicial, não houve lucro e o investidor ainda saiu perdendo.
Se aplicarmos a fórmula de cálculo da rentabilidade real, chegamos a uma rentabilidade de aproximadamente -3%:
{[(1 + 3,67/100) / (1 + 6,88/100)] -1} x 100
{[1,0367 / 1,0688] -1} x 100
{0,9699 – 1} x 100
-0,0301 x 100
= – 3,01
Então tenha atenção e evite investimentos que não cubram a inflação.
Organize sua carteira de investimentos após calcular suas rentabilidades
O cálculo da rentabilidade real serve como base para você enxergar os números de ganhos e perdas com outros olhos. Com esse conhecimento você terá mais noção sobre o que seus investimentos podem te oferecer.
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