A visão do ministro da Fazenda para o Brasil e o cenário econômico
Com o objetivo de examinar e discutir o cenário econômico e de investimentos, o evento Itaú BBA Macro Vision contou com a presença de grandes nomes. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad foi um dos convidados, levando a visão do Ministério a respeito dos movimentos da economia brasileira neste ano e também as perspectivas para 2024.
Com a moderação de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, o painel começou destacando a reforma tributária – cuja PEC havia sido aprovada momentos antes no Senado – e questionando o ministro da Fazenda a respeito do desafio fiscal neste momento.
Haddad afirmou que, desde que assumiu o Ministério, tem lidado com o descontrole de gastos legado da gestão anterior, mas acredita que o país segue no caminho certo – citando medidas como a própria reforma tributária e a reoneração dos impostos federais sobre combustíveis, adotada no primeiro semestre.
Questionado por Mesquita sobre os avanços do primeiro semestre e uma aparente desaceleração no segundo período de 2023, o ministro da Fazenda disse que o ciclo de corte de juros começou ‘um pouco tarde’, podendo ter começado em duas reuniões anteriores. “E os últimos cortes ainda não surtiram o efeito esperado na economia”, complementou.
Apesar disso, Haddad ressaltou avanços como a aprovação da reforma e do Marco das Garantias, assim como as discussões em busca de condições isonômicas de concorrência com o plano de conformidade de e-commerce. “Não subestimo o desafio que estamos enfrentando, mas quando você começa a tomar as providências, as coisas começam a acontecer”.
O ministro da Fazenda ainda reforçou seu compromisso com a meta fiscal de déficit zero, que segundo ele é uma ‘meta programática’: “não está e nem precisa estar na lei para eu perseguir”, enfatizou.
Sobre o clima com o poder legislativo, Haddad contou que tem feito reuniões com parlamentares para discutir e regularizar os fluxos de receita e despesa, e que está otimista com as conversas: “eu acredito que o Congresso, o Supremo e o Executivo estão mais conscientes da tarefa de harmonizar as políticas para ter um projeto nacional”, afirmou o ministro.
Questionado a respeito da presidência do G20 – cuja agenda passará a ser decidida e implementada pelo governo brasileiro a partir de dezembro – Haddad afirmou que haverá um respeito ao legado do trabalho da Índia, mas o objetivo é também deixar a marca do Brasil: “queremos propor uma espécie de ‘reglobalização’ sustentável do ponto de vista ambiental e social, com pautas como diversificação de unidades produtivas pelo planeta e busca por energia limpa”.
Citando a transição verde e o natural protagonismo do Brasil, Mesquita questionou o ministro da Fazenda sobre como isso pode alavancar o crescimento da economia brasileira. “O Brasil começa a ser observado com mais atenção, mas ainda é necessário atrair capital de longo prazo. O investidor precisa visualizar que nós temos vantagens competitivas que poucos países têm”, afirmou, citando o potencial de exportação de óleo, energia eólica e a qualidade do petróleo brasileiro. “E vai ser melhor ainda se usarmos este potencial pra nos neoindustrializarmos”, complementou.
Para finalizar, Haddad comparou o momento atual com quando era Ministro da Educação em 2012, refletindo sobre a nova realidade do peso do Poder Executivo e da disputa política. “Temos que recuperar a ideia e a capacidade de nos planejar no longo prazo. Vamos construindo e pavimentando um caminho, os horizontes vão se ampliando e assim vamos conseguindo enxergar um país”, concluiu.
Leia também:
Perspectivas macroeconômicas de gestores para 2024
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