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Do Open Finance aos “Super Apps”: a nova era das finanças

O sistema financeiro aberto (Open Finance) surge como plataforma onde serão construídas inovações no ecossistema financeiro.
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PorEdnael Ferreira - 29/11/2023
Atualizado em 20/03/2024
3 min de leitura

O Open Finance ascende como peça central na dinâmica de inovação financeira. No Brasil, os avanços desse sistema são notáveis devido à agenda inovadora do Banco Central, que visa a interação com o mercado e a criação de um ambiente propício ao desenvolvimento de novas tecnologias.

Hoje, em média, os brasileiros mantêm ativas cerca de cinco contas em diferentes bancos e instituições financeiras. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, nos próximos dois anos, o Open Finance terá o poder de tornar os aplicativos bancários obsoletos, transformando completamente o cenário atual. 

Essa projeção contempla o surgimento de agregadores financeiros que podem assumir a forma dos chamados “super apps”. Esses aplicativos multifuncionais oferecem uma variedade de serviços, proporcionando aos usuários acesso consolidado não apenas a serviços bancários, mas também a transações, compras, comunicação e diversas outras funcionalidades dentro de uma única plataforma integrada. 

Bruno Loiola, co-fundador da Pluggy, que falou sobre o tema no Sinqia Summit 2023, endossa a avaliação de Campos Neto e acredita que os novos super apps estarão realmente preocupados com a saúde financeira das pessoas. “[Programas de] milhas estão longe do bem-estar financeiro”, disse.

Nesse contexto, a integração de Inteligência Artificial (IA) em aplicativos emerge como um recurso notável para impulsionar soluções dedicadas à saúde financeira das pessoas. A automatização do processo de orçamentação pessoal, por exemplo, é um reflexo concreto dessa abordagem inovadora. Algoritmos de IA podem categorizar automaticamente despesas, fornecendo insights detalhados sobre os hábitos de gastos e oferecendo sugestões personalizadas para otimizar a rotina de gastos.

O desafio de comunicar o benefício 

Com o avanço na agenda do Banco Central, Paulo Wiegand, Group Product Manager da Sinqia, vê a comunicação do valor para o usuário final como principal desafio a ser enfrentado agora. 

O argumento ganha força em um cenário no qual 66,7% dos brasileiros ainda se mostram resistentes ao compartilhamento de dados para o Open Finance, ainda que saibam de vantagens como juros menores.

É necessário que o cliente das instituições financeiras compreenda a totalidade de benefícios ganhos quando ele compartilha seus dados no sistema. Segundo Wiegand, essa comunicação deve, além de ser clara, abordar a segurança que esse ambiente traz. 

Apesar do desafio, um levantamento da Finsiders mostra que o crescimento exponencial do compartilhamento de dados no âmbito do Open Finance é notável. Ao final de março, o número de consentimentos alcançou a marca expressiva de 28,3 milhões, representando um aumento significativo em comparação aos 18,7 milhões registrados em dezembro de 2022.

Em relação a junho do mesmo ano, observou-se uma elevação de 322%, ou seja, mais de quatro vezes o valor inicial. Durante o primeiro trimestre deste ano, a média mensal de acréscimo foi de aproximadamente 3,2 milhões de novos consentimentos, com a maioria proveniente de indivíduos no segmento de pessoas físicas.

Ao traçar as estratégias de educação financeira, Loiola acredita que o Open Finance e o Pix não deveriam ser comparados. Ele vê a solução de pagamentos instantâneos como uma “inovação incremental”, que possui um benefício mais claro e imediato. Por outro lado, o Open Finance é “uma estrada onde vão ser construídas inovações, incrementais ou não”. 

Um futuro de competição entre “ecossistemas”

A inovação do Open Finance também trará mudanças radicais no funcionamento do mercado. Loiola analisa que no futuro próximo a “briga” não será entre instituições, mas sim entre ecossistemas. Iniciativas similares ao Cubo Itaú, comunidade internacional que realiza a curadoria de startups em fase de tração, ganharão mais relevância. “Está claro que sozinho é muito difícil competir”, observou Loiola. 

Com custos crescentes e clientes mais exigentes do que nunca, as instituições financeiras reconhecerão que a capacidade rápida de aprimorar uma oferta de produto ou serviço pode ser melhor alcançada terceirizando para um provedor ou fornecedor de serviços especializado.

Em última análise, o Open Finance não apenas redefine a paisagem financeira, mas também impulsiona a necessidade de colaboração e eficiência na era da transformação digital.

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