Perspectivas macroeconômicas de gestores para 2024
O Itaú BBA reuniu grandes personalidades do Brasil e do mundo para examinar o cenário econômico e os investimentos no evento Macro Vision 2023. Gestores da Absolute Investimentos, Genoa Capital e Kapitalo Investimentos se encontraram para discutir sobre as perspectivas para 2024.
A discussão abordou os desafios destacados pelo Banco Central sobre a elevação das taxas de juros em países desenvolvidos e sua potencial repercussão nas economias emergentes. Esse movimento está intrinsecamente ligado a uma série de fatores, como mudanças nas políticas monetárias desses países, especialmente nos Estados Unidos, e o impacto resultante nos fluxos de capital globais.
Diante desse cenário, surge a incerteza sobre a possibilidade de acomodação ou reversão desse movimento, dependendo da evolução das condições econômicas globais, das políticas adotadas pelos bancos centrais e da resiliência das economias emergentes.
Carlos Woelz, sócio diretor da Kapitalo Investimentos, afirmou que, de modo geral, é muito difícil saber exatamente em qual nível de juros uma economia irá desacelerar. Apesar disso, “estamos numa situação um pouco mais calma, de desaceleração gradual”, pontuou Woelz.
Os países da América Latina foram os primeiros a implementar aumentos nas taxas de juros durante a pandemia, adotando uma abordagem preventiva diante das instabilidades econômicas. Essa medida foi tomada com o intuito de controlar a inflação e estabilizar as condições financeiras diante do cenário global desafiador. Paralelamente, esses países também foram os pioneiros a iniciar um ciclo de cortes de juros.
A exemplo, o Chile implementou sucessivos cortes na taxas de juros, reduzindo-a em 100 pontos base, seguidos por cortes de 75 e 50 pontos base. A consequência disso foi a desvalorização da moeda em mais de 15%.
A observação dos movimentos do país andino levanta a questão de se o Brasil, diante de eventuais pressões econômicas, também poderia encontrar limites mínimos para ajustes em sua taxa de juros básica, refletindo a necessidade de equilibrar as condições financeiras internas em face de fatores cambiais e externos.
André Raduan, sócio fundador e gestor da Genoa Capital, vê semelhanças entre as ações entre os bancos centrais de ambos os países. “Quando você chega a uma taxa terminal perto de 5% você acaba vendo a moeda desvalorizar bastante”, disse.
Contudo, para Raduan, o caso brasileiro está sendo mais precavido: “O Brasil está fazendo isso do jeito certo: devagar”. O sócio fundador da Genoa Capital analisou que não dá para acelerar o corte de juros brasileiro enquanto o corte de juros estadunidense não se intensificar.
Sobre o câmbio brasileiro, Fabiano Rios, sócio fundador e CIO da Absolute Investimentos, enxerga uma desvalorização atual. Rios julgou que na atual conjuntura é difícil traçar o rumo cambial em 2024. “A influência e a capacidade de fazer política monetária vai depender das idiossincrasias de cada economia”, afirmou.
As dificuldades de previsibilidade de cenário não são exclusivas do câmbio: o crescimento e inflação futuros também afetaram as análises nos últimos três anos. Os modelos elaborados por economistas têm enfrentado desafios consideráveis em termos de precisão. O crescimento econômico tem superado as expectativas, surpreendendo positivamente, enquanto a inflação, por sua vez, tem apresentado surpresas na direção oposta, manifestando-se abaixo das projeções inicialmente estimadas.
Rios complementou falando sobre como os modelos no mundo pré-pandemia discutiam a deflação mundial e indicou que busca adotar uma postura de contrassenso em sua análise, dando atenção a fatores usualmente menos observados, como o avanço da inteligência artificial, que pode aumentar significativamente a produtividade.
Leia também:
Banco Central quer criar novos modelos para aumentar a tecnologia no sistema financeiro
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